quinta-feira, 25 de março de 2010

Não ao PMDB de Roseana Sarney!!!


do blog do Cristiano Capovilla
Nos dias 26 e 27, sexta e sábado, os delegados petistas escolherão entre a aliança com a decadente oligarquia sarneísta ou com os setores progressistas, democráticos e de esquerda do nosso estado. Essa decisão muito interessa ao povo do Maranhão que acompanha, ao seu modo, o desenrolar dos acontecimentos. De um modo geral a população observa com surpresa essa viragem do petismo no rumo de Sarney. Sua parte mais ativa, os movimentos sociais organizados, sindicatos de trabalhadores rurais e urbanos, intelectuais, artistas e religiosos se expressaram em diversos e grandiosos eventos sobre o absurdo desse desvio de direita no PT.

Nessas últimas semanas o debate político em torno da opção pelo PMDB, que até então transcorria nos bastidores, ganhou ares públicos e, finalmente, apareceram os argumentos e as pessoas. Uma parte do grupo liderado pelo Deputado Washington defende a tese que uma aliança com Sarney no Maranhão se sustenta apenas por “ordens partidárias nacionais”. Esse seria o argumento da “questão nacional” e é repetido como um mantra que, ao invés de iluminar, tudo encobre sob a capa da “Dilma presidente”.
O problema é que com o avançar da oposição pública a essa tese, inclusive dentro da própria CNB, logo ficou claro que por baixo do manto “Dilma Presidente” havia negociações e acordos que envolvem participar do pequeno governo de Roseana Sarney. Já agora às vésperas da reunião, o discurso cristalizou-se: “vamos participar do poder!” (olha que a eleição nem ocorreu!), “vamos mudar por dentro o sistema oligárquico!” Exclamaram os mais empolgados.

Essa dificuldade pública da apresentação da tese de aliança do PT com Sarney e seus fâmulos, demonstra que o grupo do Washington perdeu o debate político no meio dos trabalhadores e da sociedade civil organizada, deixando a tarefa de explicar essa aliança aos meios sarneístas de comunicação. E por qual razão essa tese foi derrotada politicamente? Porque a aliança com o PCdoB demonstrou ser mais benéfica e trazer as maiores vantagens para o PT! É isso que pretendo expor abaixo.

Vantagens políticas da aliança do PT com o PCdoB.

Unidade interna do PT. Em 2006 a ala de Washington apoiou Flávio Dino para prefeito com um programa de “construir uma alternativa política democrática, progressista e de esquerda que crie condições de derrotar as facções intra-oligárquicas que sempre mandaram no Maranhão”. Agora, em 2010, o Deputado Domingos Dutra também aderiu a esse programa. Portanto, aliança em torno da candidatura de Flávio Dino governador unifica as alas do PT na construção de um campo político que rompa com as práticas oligárquicas em nosso estado.

No Maranhão são melhores dois palanques para Dilma. A instância máxima do PT, o Congresso Nacional, deliberou sobre a plena possibilidade de dois palanques para Dilma nos estados. Essa proposta derrotou por ampla maioria a que defendia o “PMDB como aliado prioritário”. A única rejeição ficou por conta das alianças com o PSDB e o DEM. É exatamente isso que devemos seguir no Maranhão: deixar o PMDB, DEM e outros da mesma natureza ter um palanque para Dilma e criar o palanque da esquerda com PT, PCdoB, PSB e ainda, quem sabe, atrair o PDT, uma vez que sua direção nacional também “liberou do palanque único”, mas não do apoio à candidatura da Dilma. Portanto, a opção pela aliança popular e de esquerda favorece e amplia os apoios à Dilma, caso contrário, palanque único, esses apoios tendem a diminuir.

A coligação de esquerda elege muito mais. Com um programa de mudanças e transformação do Maranhão igual ao que lula e Dilma fizeram e farão no Brasil, um candidato ficha limpa, que materialize essa esperança de renovação e transformação, teremos amplas chances de eleger Flávio Dino governador, senadores, deputados federais e estaduais. Coisa que não aconteceria em outras coligações. Até porque a oligarquia hegemônica detém a maioria das vagas de deputados estaduais e federais e não vão abrir espaços na janela para quem está entrando agora no ônibus lotado!

Manter a coerência histórica. O PT sempre teve um discurso anti-sarneísta. Independente do mérito dessas críticas, o PT do Maranhão construiu essa marca histórica e, de alguma forma, essa posição se transformou em patrimônio do partido. Devemos ao PT e às suas profundas relações com os movimentos sociais à denúncia das graves injustiças e crimes cometidos pelo sistema de poder oligárquico do qual o grupo hegemônico extrai sua força política. Ao propor uma aliança que contradiga esse patrimônio petista, coloca-se em risco toda essa luta construída ao longo desses trinta anos. Ao se aliar com Sarney no Maranhão o PT perde sua identidade própria.

A opção ideológica. Já demonstrei em artigo anterior que a aliança tática com o centro (PMDB) para ganhar e governar o Brasil não se confunde com as transformações profundas que o país necessita. Não vai se esgotar nessa aliança tática o rompimento com os grilhões do neoliberalismo, embora ela seja feita com a intenção de acumular forças e crescer para propiciar às condições dessa virada. Não podemos confundir a tática de ganhar e governar com a estratégia de crescer e criar condições para transformar o Brasil. A tática é particular ao momento. A estratégia deve estar dentro da tática fornecendo sentido às ações imediatas, como a imanência do universal no particular. A verdadeira luta pela transformação social é uma bandeira histórica das esquerdas e não pode, de uma hora para outra, ser arriada em nome de uma conjuntura particular. Assim, mais uma vez, a aliança com o PCdoB é também melhor ideologicamente para o PT.

Conclusões.

É por tudo isso que a tese da aliança do PT com Sarney perdeu o debate político. Isso está claro para a maioria do povo. Não quer dizer que essa tese esteja derrotada. Mas diz muito sobre o futuro do PT caso essa aliança seja aprovada mesmo sem argumentos políticos, históricos e ideológicos. Isso porque, aquém do que foi apontado acima, só resta o jogo bruto e estúpido dos interesses individuais, da utilização da máquina pública como moeda de troca por apoio político e de vãs promessas que jamais serão cumpridas. É em nome das verdadeiras vantagens e benefícios que a aliança com o PCdoB traz objetivamente ao PT, é que temos a certeza que esse é o melhor caminho para o povo do Maranhão.

Por fim, faço minhas as palavras do Professor Wagner Cabral ditas no Ciclo de Debates “Alternativas Populares e Democráticas para o Maranhão”: “logo veremos, portanto, com que cores os delegados petistas pretendem pintar o futuro dos trabalhadores e trabalhadoras do Maranhão”. Espero que escrevam com tintas vermelhas e que lá esteja: “Vai avançar, vai avançar, a unidade popular!”.

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