segunda-feira, 22 de novembro de 2010

CPT denuncia mais sangue no interior do Maranhão

Espelho, Espelho meu…!




Enquanto o governo do Maranhão - chefiado pela musa da Oligarquia Sarney – contava os mortos da rebelião-carnificina da Penitenciaria Estadual de Pedrinhas, na sede da Comarca de São Bento – MA, o juiz dr. Sidney Cardoso Ramos reafirmou sua determinação de servir aos interesses do latifúndio. Diante do argumento de que direitos fundamentais dos quilombolas do quilombo Cruzeiro, município de Palmeirândia, estão ameaçados, ele afirmou ser um homem prático, portanto sem tempo para discussão de teses acadêmicas. Pasmem! o doutor considera Direitos Fundamentais tais como, Moradia, Alimentação, Trabalho uma questão de tese acadêmica.

O juiz pareceu extremamente incomodado com a presença de representantes de diversas entidades de apoio à luta dos quilombolas, mas nem por isso deixou de agir como se advogado fosse da família de Gentil Gomes, o mesmo fazendeiro responsável pelo conflito no Quilombo Charco onde Flaviano foi assassinado. A sua determinação em fazer cumprir mais uma vez uma liminar de reintegração de posse contra os quilombolas, na verdade, condena mais de 200 famílias que ocupam tradicionalmente aquelas terras há pelo menos 150 anos a situação de miseráveis e a potenciais escravos em alguma fazenda no Maranhão ou em outro estado. Senhor juiz, em nome da lei não podem ser condenadas à fome centenas de famílias, pois suas vidas são mais importantes. Nesta situação não há espaço para vaidades pessoais, pois está em jogo a reprodução biológica, social, cultural de pessoas bem concreta com nome, endereço, profissão. As roças de mandioca, melancia, cana-de-açúcar já foram destruídas duas vezes por capangas da sra. Noele de Jesus Barros Gomes e por policiais militares, segundo o pai da proprietária, o sr. Manoel Gomes, e não poderão ser destruídas pela terceira vez.

Como o Maranhão está encharcado pelo sangue de Flaviano Pinto Neto, quilombola do Quilombo Charco, dos 18 presos sob custódia do Estado, pelo sangue de indígenas guajararas baleados pelo delegado de policia civil, e tantos outros, estamos certos de que a senhora governadora do Estado, pensará muito bem antes de autorizar a força policial para que as roças dos quilombolas sejam destruídas pela terceira vez em cumprimento da Liminar de Reintegração de Posse. A Decisão está em suas mãos.















2º ATO: A MARCHA DO ETNOCÍDIO SOB A RESPONSABILIDADE DO ESTADO BRASILEIRO.



Hoje, dia 21 de novembro de 2010, pela terceira vez, as famílias quilombolas de Cruzeiro/Palmeirândia, foram despejados das terras que ocupam há mais de 100 anos. A SENTENÇA foi assinada pelo Juiz de Direito da Comarca de São Bento -MA, Dr. Sidney Cardoso Ramos.

Novamente neste Estado a Lei da Cerca e dos Bois é colocada sobre a vida das pessoas; o direito à propriedade da terra, ainda que sob suspeitas de ilegalidade, é colocado acima de Direitos Fundamentais, tais como Moradia, Alimentação, Trabalho, Segurança...

As Famílias quilombolas viveram em relativa tranqüilidade até o sr. Sebastião Murad se apresentar como dono da área. Em seguida o mesmo vendeu a área para a sra. Noele Gomes Barros que já desmatou parte do imóvel e agora impede que as famílias continuem tirando o sustento de suas roças.

Se prevalecer a sentença do Juiz, a favor da pretensa proprietária, serão mais 200 famílias jogadas na rua da amargura. E restará apenas uma saída: buscar abrigo no Palácio dos Leões e/ou no Tribunal de justiça do Maranhão.







CPT-MA

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