quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

"Sarney não tem autoridade moral"


Revelou-se nesta quarta-feira (28), em Brasília, um nu que, por anunciado, não produziu um mísero espanto.



Depois de negar cem vezes o interesse pelo comando do Senado, José Sarney despiu-se do manto diáfano que escondia suas segundas intenções.



A candidatura de Sarney saiu do armário num almoço da bancada do PMDB. Na semana passada, dizia-se que o repasto seria na casa do ex-não-candidato.



Deu-se, porém, na residência oficial da presidência do Senado, cuja despensa é fornida com verbas da Viúva. Serviram-se bacalhau ao forno e filé mignon ao funghi.



Antes de forrar os estômagos, os senadores do PMDB testemunharam o streep tease. Além de Sarney, ficou nu o anfitrião Garibaldi Alves.



A nudez de Garibaldi foi mais contrangedora que a de Sarney. Diferentemente do “novo” candidato, o ex-recandidato não queria se despir.



Coube a Renan Calheiros, o centro-avante de Sarney, puxar as vestes de Garibaldi. Desnudou-o com requintes de crueldade.



Renan, a propósito, volta ribalta do Senado revestido com a carapaça que mais lhe apraz: o poder. Ele volta a se impor a Lula como um interlocutor inevitável.



Aos jornalistas, Sarney disse: "Sou candidato. Agora começa a campanha". Lorota. A campanha desenrola-se desde o final do ano passado.



Acrescentou: "Eu não queria, resisti. Mas, entendo minha candidatura como importante neste momento de crise mundial". Palanfrório.



Sarney queria. Sempre quis. A “crise mundial” é motivação de fachada. Em verdade, o protocandidato almeja três objetivos não-declarados:



1. Quer recuperar o terreno perdido no Maranhão, hoje dominado pelos adversários de província;



2. Busca um escudo de proteção política contra as investigações do Ministério Público e da PF, que farejam os calcanhares do filho Fernando Sarney;



3. Deseja impor-se como protagonista das articulações de 2010.



Sarney vai ao centro do palco do Senado com a cara de favorito. Um favoritismo tonificado pelos movimentos de Lula.



Escorado num suposto distanciamento da disputa, Lula tirou o chão de Tião Viana (PT-AP).



A golpes de “isenção”, o presidente pode ter ferido de morte a candidatura petista.

Escrito por Josias de Souza às 18h12

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