domingo, 14 de janeiro de 2007

Vejam que bela matéria do Josias de Souza

Cicarelli pede desculpas a usuários do YouTube

A decantada cordialidade do brasileiro vem sendo substituída nos dias que correm por um comportamento de iracunda civilidade. A paciência dos patrícios está pela tampa. Primeiro, houve a grita contra o aumento de 91% no contra-cheque dos congressistas. Depois, a mobilização contra a censura à Internet.

Pois bem, neste sábado (13), Daniella Cicarelli sentiu o amargo gosto da reação. Três dezenas de pessoas postaram-se diante do prédio que abriga a sede da MTV, em São Paulo, para protestar contra a “modelapresentadora.” A escassez de multidão foi compensada com barulho.

Um carro de som executava uma paródia da música “Nós Vamos Invadir Sua Praia”, do Ultraje a Rigor. Em dado trecho, a letra dizia: "Daqui do morro dá pra ver bem legal / O que a Dani fez lá no litoral / Veja o lado bom, Daniella / A Paris Hilton vendeu o vídeo dela."

Inicialmente, a MTV pretendia dar de ombros para a algaravia. De repente, enxergou na encrenca a oportunidade de consertar o malfeito que vem tisnando a imagem da emissora, voltada à audiência jovem.

A direção da casa convidou os manifestantes a entrar no prédio, para um encontro com Cicarelli. Conversaram por mais de duas horas. Lero vai, lero vem, a pivô do constrangimento terminou jogando a toalha.

“Peço desculpas pelo transtorno às pessoas ligadas ao YouTube. Pessoas que eu nem conheço, nem sei quem são”, disse Cicarelli. “Gosto de internet tanto quanto vocês." Como ninguém costuma dar ponto o arremate do nó, a MTV tratou de gravar as escusas de sua apresentadora. A coisa vai ao ar nos próximos dias.

Fez-se do ato de protesto uma peça de marketing. Seja como for, as desculpas não deixam de constituir um avanço. Num surto retardado de pundonor, Cicarelli requisitara à Justiça que retirasse do ar as imagens do sexo que fez com o namorado numa praia espanhola.

Terminou-se por privar, por 48 horas, 5,5 milhões de pessoas de acessar o YouTube. Constrangida, Cicarelli disse que não tivera nada a ver com o pato. Atribuiu a requisição judicial ao namorado. Uma inverdade.

Agora, a moça diz que pretende associar sua imagem à luta em favor da aprovação de “leis digitais”, seja lá o que isso signifique. Espera-se que a bela estampa de Cicarelli não cometa o equívoco de associar-se à feia figura do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG).

fonte: Blog do Josias de Souza.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

O povo contra Cicarelli

"O povo contra Cicarelli
por: LILIANE PELEGRINI

Impossível não se sentir indignado e ultrajado diante da decisão de um desembargador em abolir do ciberespaço brasileiro um dos portais mais populares da Internet em função do interesse particular de apenas duas pessoas.

E foi justamente com indignação que os internautas receberam a notícia de que o You-Tube, portal de compartilhamento de vídeos, seria bloqueado no Brasil por conta de uma ação judicial que Renato Malzoni Filho encaminhou à Justiça, pedindo o bloqueio da página para evitar que o vídeo em que aparece com sua namorada, a modelo Daniella Cicarelli, em cenas ?calientes? numa praia pública da Espanha continuasse acessível na web (note um fato estranho: por que uma ação que envolve os direitos de imagem de duas pessoas é assinada, apenas, por uma das partes?).

Desde sexta-feira, os usuários dos provedores que usam a tecnologia da Brasil Telecom não conseguiam nem chegar à homepage do YouTube, muito menos ao flagrante dado em Cicarelli e Malzoni.

Na segunda, foi a vez da Telefônica acatar a decisão do desembargador Ênio Santarelli Zuliani, do Tribunal de Justiça de São Paulo, e limar o portal de vídeos.

Até que a Justiça finalmente caísse na real e revogasse a validade da liminar ? o que aconteceu ontem, por volta das 13h ?, cerca de cinco milhões de internautas, associados a diversos provedores de Internet, não puderam acessar ao banco de dados do YouTube.

A atitude leva o Brasil ? um país que se vangloria de congregar as mais diversas raças e os mais diversos pensamentos, ou seja, se orgulha de ser uma nação democrática ? a se igualar a outros territórios nos quais a censura e a postura ditatorial, infelizmente, parecem ser bastante apreciáveis.

Os protestos contra tal proibição esdrúxula, porém, não pararam com o passo atrás do judiciário paulistano. No Orkut, outro grande hit da rede, já foram criadas quase 50 comunidades que reúnem milhares e milhares de internautas completamente enfurecidos com a polêmica que definem como censura.

?Alguém se esfrega em público (sem saber que motel existe pra isso) e nós pagamos o pato?, protesta, em sua página inicial, a comunidade ?Sem YouTube Graças a Cicarelli?, de propriedade de um internauta chamado Otávio (e que, para desafiar, ainda divulgou um link para quem quiser ver e/ou rever a ?produção erótica? da modelo).

?Vou fazer macumba para ela ficar pobre e feia?, ironiza, na mesma comunidade, o internauta William, que inclusive reclama que, sem YouTube, ninguém mais vai conseguir ver o vídeo independente da sua banda.

Também no Orkut, na comunidade ?Cicarelli, me devolve meu Youtube?, um grupo lançou uma idéia: ?A gente não pode processar a Cicarelli por atentado ao pudor? Afinal ela estava num local público fazendo sexo?, questionou a internauta Bruna, fazendo com que uma série de outros usuários de Internet gostassem da idéia ? mais de 4.000 pessoas se dispuseram a colocar seus nomes em um abaixoassinado para abrir tal processo.

Outro grupo de internautas fez questão de divulgar e-mails e telefones da MTV, emissora onde Daniella Cicarelli comanda o programa ?Beija Sapo?, para que todos possam entrar em contato para ?pedir a cabeça? da apresentadora.

?O próximo passo é ela perder o emprego. Não pode uma mulher dessas ainda ficar colocando a cara na televisão. Vamos para a porta da MTV para protestar!?, convoca a internauta Ana Paula.

Procurada pela reportagem, a assessoria da MTV informou que a modelo e apresentadora não está atendendo ninguém para falar sobre o assunto.

Para Eduardo de Jesus, professor no curso de Comunicação Social da PUC Minas, alguma medida tem que ser tomada imediatamente para impedir que novas censuras como essa aconteçam.

?A primeira coisa que fiz quando soube da proibição foi ver se o meu YouTube estava funcionando direitinho. E graças a Deus estava! Não consigo nem pensar que, em pleno século XXI, a censura volte a reinar. Francamente, fazer esse barulho todo por causa de um filmezinho de casal namorando na praia é algo que eu não entendo. Vai saber o que se passa na cabeça dessas celebridades. É tudo uma rede de exposições. Alguma coisa tem que ser feita. Não podemos retroceder assim?, repudia o professor, que usa o portal, inclusive, como ferramenta de trabalho.

?Leciono duas disciplinas relacionadas com cinema e vídeo, e o YouTube serve como pesquisa, para conhecer novos trabalhos, ver vídeos antigos. Eu nunca vi esse vídeo da Cicarelli. O que me interessa lá são os clipes, os programas, as criações bacanas que se tornaram acessíveis ali?.

Opinião legal
Apesar de sexo em local público ser considerado, realmente, atentado ao pudor, os diletantes do YouTube que pensaram em processar Daniella Cicarelli não encontram embasamento nas leis brasileiras.

?O fato aconteceu na Espanha (onde atentado ao pudor não consta mais na constituição federal), portanto, não temos territorialidade para processá-la por atentado ao pudor. As leis que vigoram aqui não tem o menor valor para o que acontece lá... E mesmo que tivesse acontecido aqui o episódio, não poderia uma pessoa ou um grupo entrar com esse tipo de ação. Atentado ao pudor é um crime contra a sociedade, logo, apenas o Ministério Público poderia levar o caso à Justiça?, explica o advogado André de Almeida, coordenador do comitê jurídico da Câmara E-Net, uma das mais importantes entidades não-governamentais relacionadas à vida, ao comportamento e ao consumo virtual.

Da mesma forma que os internautas não podem usar o mesmo ?veneno? para parar os disparates de Daniella Cicarelli e seu namorado, a decisão da Justiça paulistana em retirar do ar o YouTube, avalia Almeida, não é correta.

?Na minha opinião, censurar um site acessado por milhões de pessoas por causa de um vídeo capturado em local público é errado, e, além disso, é desproporcional, já que vai influir no direito à informação de muitos em função à imagem de apenas duas pessoas. Pode-se até discutir possíveis danos ao casal, mas não dessa forma?, enfatiza o advogado da Câmara E-Net, acrescentando que os prejuízos de uma atitude totalmente subjetiva e de responsabilidade de um único juiz recaem muito mais sobre os próprios internautas, que deixam de obter conteúdo que pode lhes ser importante, e, claro, para operadoras como a Brasil Telecom e a Telefônica, que podem perder clientes quando deixam de proporcionar acesso aos sites mais populares, como é justamente o YouTube.

A Associação Brasileira de Provedores de Internet (Abranet) já se manifestou e disse que, se o desembargador Ênio Santarelli Zuliani realmente queria que apenas o vídeo de Cicarelli fosse bloqueado (o que foi informado em nota oficial ontem, na hora que o YouTube foi desbloqueado), a ordem foi mal empregada.

?Bloquear um filminho de dois minutos e pouco que está no contexto de uma máquina que tem gigabytes de informações é absolutamente impossível?, explica Antônio Tavares, presidente da Abranet.

?Ao bloquear o número do IP, você bloqueia todo o conteúdo que vem dessa máquina?, acrescenta ele, assinalando, assim, a grande impossibilidade de se controlar um website cujo conteúdo, em grande parte, é definido a partir dos uploads feitos pelos próprios internautas ? dados do próprio YouTube indicam que 65 mil vídeos são carregados em sua página todos os dias; o site informa, ainda, que, por várias vezes, retirou o vídeo de Cicarelli do ar, mas que, vira e mexe, usuários o recolocam na web.

E não é só no YouTube que as peripécias amorosas da modelo e de seu namorado continuam a ser disseminadas como uma epidemia. O filmezinho ?caliente? continua sendo facilmente encontrados em sites como o PornoTube.com, DailyMotion.com, BoingBoing.Net, Porkolt.com e até mesmo na página de vídeos do Google, empresa proprietária do YouTube.

Ou seja, é completamente impossível que Daniella Cicarelli e Renato Malzoni Filho consigam apagar da Internet suas intimidades. A não ser, claro, que resolvam se voltar contra todo o mundo. Mas é bom que eles saibam: agora, é todo o mundo que se voltou contra os dois."

fonte: Otempo.com

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Polícia usa Google Earth para localizar foragido.

PORTO ALEGRE - O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) recorreu ao Google Earth para localizar e prender o foragido Joel Campos da Silva, de 27 anos, conhecido como ´Matador´, no final da noite de domingo, 7, na estação rodoviária de Tramandaí, no litoral do Rio Grande do Sul. O programa, usado como ferramenta de busca na internet, permite visualizar imagens detalhadas de todo o planeta, captadas por satélites.

´Matador´ é considerado pela polícia como responsável pela metade dos 12 assassinatos cometidos pela facção Os Manos, que tem ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e orienta crimes de dentro das penitenciárias gaúchas. Foragido desde 9 de maio de 2006, ele portava uma pistola, documentos falsos e uma pequena quantidade de maconha quando foi preso.

Autorizada pela Justiça, a polícia fazia escutas do celular de Silva. Depois de identificar as coordenadas geográficas, a investigação usou o Google Earth para descobrir o local da emissão dos sinais e chegou a um bairro do município de Imbé, também no litoral gaúcho.

Na seqüência, foi identificada a casa freqüentada pelo foragido. Os moradores passaram a ser observados discretamente. No domingo, um deles foi à rodoviária de Tramandaí. A polícia acompanhou o movimento a distância e encontrou o foragido chegando de uma viagem.

O delegado Juliano Ferreira admite que os investigadores poderiam ter chegado ao mesmo resultado recorrendo aos mapas, mas acredita que a busca foi acelerada pela possibilidade da consulta rápida e respostas precisas do Google. "É um instrumento que tende a ser usado cada dia mais pela polícia", prevê.
fonte: Estadão.com