terça-feira, 11 de agosto de 2009

Sepultura toca música em homenagem à Sarney


Fisgado do blog do RecifeRock!:

"“Será que o Clube Português é suficiente para o Sepultura?”. A pergunta era feita por um amigo ao ver a enorme fila de fãs na entrada da Av. Agamenon Magalhães. Reflexo dos novos tempos, o local ficou bem distante de sua lotação, mas tampouco estava vazio. Algo em torno de mil ou 1500 pessoas, a maioria (mas não absoluta) fã do Angra. Se o preço dos ingressos podia ser considerado normal (R$ 30,00, R$ 40 00, R$ 60,00 – estudante, ingresso social e inteira, respectivamente), o mesmo não valia para as bebidas: obscenos R$ 3,50 eram cobrados por uma latinha de refrigerante (e nem Coca-Cola era) ou de cerveja. Pode parecer um detalhe, mas isso, no fim das contas, acaba afastando o público dos shows.

Na parte estrutural, tudo ok. Palco funcionando direitinho, som até que razoável (no Clube Português é preciso fazer milagre para o som ficar 100%) e iluminação perfeita. Os shows também foram tecnicamente perfeitos, com as duas bandas tocando o que de melhor fizeram na carreira. O problema é juntar os dois grupos no mesmo balaio, pois dá a nítida sensação de covardia.

Vamos lá: depois do show do Sepultura mal dava para lembrar que o Angra havia tocado antes. Tudo bem que as propostas são absolutamente distintas, mas o buraco é mais embaixo. Sobra ao Sepultura o que falta ao Angra: originalidade.

Cada país tem o Iron Maiden que merece. Se os quesitos artísticos a serem levados em conta fossem pose e xampu, o Angra seria a maior e melhor banda do planeta. Porque, tirando toda a afetação e clichês genialmente explorados pelo Massacration, o que sobra é uma diluição do Helloween, que, por sua vez, imita o Iron Maiden. Ou seja, a cópia da cópia da cópia. O público, por sua vez, adora. Aliás, de certa forma é um alento ver tanta gente da nova geração se interessando por metal, ainda que seja o do Angra. E tome farofa: a cena em que o vocalista rege o público, as introduções bregas de teclado que tentam remeter aos tempos medievais e essa baboseira toda. Daí ser fácil perceber por que não existe meio termo quando o assunto é metal melódico. O sujeito ou gosta ou detesta. Ou embarca na onda ou acha tudo aquilo ridículo. Infelizmente, faço parte do segundo time. Mas ontem ficou claro que eu era minoria. Para quem é fã da banda, nada a reclamar. Show de pouco mais de uma hora com tudo que a banda tem a oferecer, para o bem e para o mal, amém.

Já o Sepultura fez um show bem coeso e sintético. Tocaram 16 músicas, e não privilegiaram nenhuma fase específica de seus 25 anos de carreira. O toque inusitado veio de trecho de “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, tocada por Andréas Kisser e dedicada a José Sarney (cada país tem o presidente do senado que merece). Embora sempre tenha como sombra e referência as batidas de Igor Cavalera, Jean Dolabella (ex-Udora) é um excelente baterista e dá conta muito bem do recado. Até Paulo Jr evoluiu bastante de uns tempos pra cá. E Derrick Green é um vocalista monstruoso, com forte presença de palco e voz invejável. No público, abriu-se um clarão para um enorme roda-de-pogo, que resistiu por todo o show. E a banda fez um belo passeio por sua história. Do “Schizophernia”, tocaram uma música (“Escape to The Void”). Uma do “Beneath The Remains” (“Inner Self”). Duas do “Arise” (a faixa-título e “Dead Embryonic Cells”. Duas do “Chaos A.D.” (”Refuse/Resist” e “Territory”. Apenas uma do “Roots” (“Roots Bloody Roots”) e uma do “Nation” (”Sepulnation”). O resto do repertório ficou dividido pelos trabalhos mais recentes da banda, os temáticos “Dante XXI” e “A-Lex”, que mostra um Sepultura mais soturno e sombrio, mergulhado no clima de “A Divina Comédia” e “Laranja Mecânica”, livros que inspiraram os dois últimos álbuns.

Pontos altos: “Territory”, cantada/berrada por todo o público, e “Roots Bloody Roots”, que não deixou ninguém parado.

No final, as duas bandas dividiram o palco para tocar dois covers: “Immigrant Song”, do Led Zeppelin, e “Paranoid”, do Black Sabbath. Mas aí já parecia fim de feira, e, embora o público pedisse insistentemente por “Maiden, Maiden”, ficou apenas na vontade. E saímos do Clube Português (eu, pelo menos) um pouco mais surdos e com a sensação de que uma avalanche chamada Sepultura havia passado sobre o Angra.

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