Carta da sua mãe Alba
É pela indignação,pelo amor de mãe,e de toda uma família,que peço JUSTIÇA pela morte do meu filho FLÁVIO PEREIRA DA SILVA,um homem de bem,que lutava pela sociedade,contra VIOLÊNCIA em seus trabalhos de sociólogo,antropólogo e professor da Universidade Federal do Maranhão(UFMA)e Centro Universitário do Maranhão(UNICEUMA).Sua vida foi intorrompida covardemente por um POLICIAL CIVIL(OLIVAR AGUIAR CAVALCANTE),que deveria nos proteger e,mais indignada fico ao saber que continua na corporação.Um ano se passou e as audiências cada vez mais distantes.Por quê um reú confesso demora tanto a ser PUNIDO?Justiça é o meu apelo para que outras famílias não passem pela dor e indignação que a nossa está passando.
LEMBREM-SE QUE A IMPUNIDADE GERA VIOLÊNCIA.
Peço aos amigos que me ajudem nesta luta por JUSTIÇA.
Ass:Alba Maria(Mãe do Flávio)
LEMBREM-SE QUE A IMPUNIDADE GERA VIOLÊNCIA.
Peço aos amigos que me ajudem nesta luta por JUSTIÇA.
Ass:Alba Maria(Mãe do Flávio)
Rio ,07-08-2010 -03 anos sem Flávio
Email enviado pela Ana Maria (maranhão)
MANTER A ORDEM OU CRIAR DESORDEM?
Uma reflexão sobre violência e impunidade três anos após a morte do Profº Flávio Pereira da Silva.1
Ana Maria Marques
31 de julho de 2007. Após uma discussão, no trânsito, o condutor da caminhonete L-200 azul metálica, modelo antigo, avançou, atingindo a traseira do Celta preto do Profº Flávio Pereira da Silva.
Segundo testemunhas, Flávio teria descido do carro e se aproximado da L-200, sendo recebido com xingamentos. Ao constatar que não conseguiria resolver a questão, a vítima, então, voltou-se para buscar auxílio dos Policiais Militares que se encontravam num trailer instalado no retorno da Forquilha.
Nesse momento, o condutor da caminhonete, o comissário da Polícia Civil, Olivar Aguiar Cavalcante, empunhou uma arma e efetuou um disparo em direção a Flávio Silva, saindo livremente do local, diante da completa inércia dos policias militares que ali se encontravam.
Na madrugada do dia 07 de agosto de 2007, aos 37 anos, não resistindo às conseqüências do disparo, faleceu o Professor...
Em poucos meses, o trailer da Polícia Militar foi retirado do local. Os policiais omissos não foram punidos, e o homicida continua solto e integrando os quadros da Polícia Civil do Maranhão.
A forma corriqueira com que fatos como este se reproduzem os banalizam, fazendo com que os signos da violência simbólica sejam, sem a menor dificuldade, assimilados pelos cidadãos, incorporando-se ao seu dia a dia.
Assim, desaparecem os referenciais do certo e do errado, do sensato e do insensato, fazendo com que o cotidiano violento seja visto com trivialidade. Perde-se o sentido de ordem e desordem, tornando-nos cada vez mais céticos em relação à efetivação da justiça.
Para muitos, o fato narrado acima é só mais uma história de violência policial, como tantas que se repetem, diariamente.
Para os que são diretamente atingidos com os reflexos da violência, para a família, para os amigos, para os amores desfeitos, resta a perda que representa o longo, o incontido sofrimento, dia a dia.
Resta o mesmo grito parado no ponto mais alto da escala do desespero.
Resta a certeza de que a perda é irreparável, a dor é instransponível...
Resta o desejo de transfigurar a realidade diante da incapacidade de aceitá-la tal como ela é, e a dúvida de como será prosseguir diante da ausência de quem se foi como uma parte amputada, arrancada de nós...
Afinal, perde-se o direito ao convívio, perde-se o direito de sorrir junto ou simplesmente, de lhe ver o sorriso aberto, perde-se o afago no abraço apertado... perde-se o prazer de ter por perto, de ouvir a voz, perde-se o direito de fazer planos ou de concretizar o que planejado!!!
Vive-se a amarga certeza do nunca mais e a angustiante espera por justiça, ante a ironia dos relógios que martelam o tempo sem o fazer andar e ao temor da impunidade.
Três anos se passaram. Quanto a nós, que perdemos o Flávio, a pena está sendo aplicada e a estamos cumprindo sem qualquer benefício processual. Não há progressão de regime, nem há como se dar liberdade condicional, por bom comportamento, para quem sofre a perda de um filho, de um amigo, do irmão, do namorado!!
Não há processo com direito ao contraditório e à ampla defesa. Aos que perdem um ente querido para a violência, a pena é auto-aplicável e perpétua.
Prosseguimos nossa caminhada, é certo, mas, somos obrigados a conviver com o vazio, com a saudade e com mais uma forma de violência: a impunidade!
Em contrapartida, aos que matam, violentam, seviciam, garante-se a liberdade e o conforto também decorrente da impunidade.
Com tantos valores invertidos, com a exteriorização da violência justamente por aqueles a quem cabe o dever de evitá-la, com a perda da credibilidade nas instituições democráticas e no referencial de justiça, há que se perguntar: quem quer manter a ordem? Quem quer criar desordem? Até quando esperar?
Bjus a todos
1 Há, aproximadamente, um ano, foi proferida sentença de pronúncia em desfavor do réu Olivar Aguiar Cavalcante, porém não há data prevista para que se realize o julgamento pelo Tribunal do Júri.
2 comentários:
Minha mãe esta com um caso já vai fazer 2 anos e ainda não tem previsão de inicio do julgamento, acho que é uma vergonha para o povo brasileiro.
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