VIDAS INTERROMPIDAS. ATÉ QUANDO FECHAREMOS OS OLHOS?
Flávio Pereira da Silva, 37 anos, antropólogo, era professor de Sociologia do UNICEUMA. No início da graduação do Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Maranhão trabalhou como operário da Alumar. Depois, dedicou-se apenas aos estudos, sendo bolsista de Iniciação Científica e envolvendo-se, precocemente, com as atividades de pesquisa. Já formado, foi professor substituto na UFMA mais de uma vez. Foi aluno do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais e participou de pesquisas e de trabalhos aplicados junto aos remanescentes de quilombos e às quebradeiras de coco babaçu do Maranhão.
Era um profissional íntegro e sério, colocando seu conhecimento a serviço das instituições que atuam no combate à violência e em prol dos direitos humanos. Mas lamentavelmente no dia 31 de julho teve sua trajetória interrompida e tornou-se mais uma vítima da violência no país.
Naquele dia, Flávio saiu de sua casa rumo à UFMA, aproximadamente às 8 horas da manhã. Parou em um semáforo, nas proximidades do Retorno da Forquilha. O motorista de uma L200 azul metálico buzinou forte, reclamando passagem, ainda que o sinal estivesse vermelho e obrigasse Flávio e parar o seu celta preto. No semáforo seguinte a cena se repetiu. Desta feita, o motorista da L200 bateu propositalmente na traseira do celta de Flávio, momento em que este saiu do seu carro e ambos discutiram. O motorista da L200, um homem que usava paletó, já de dentro de seu automóvel, sacou de um coldre uma pistola e atingiu Flávio no ombro direito. O projétil perfurou o pulmão e fez uma curva, penetrando na medula. Flávio sofreu no hospital durante sete dias, correu risco de ficar paraplégico, vindo a falecer na madrugada do dia 7 de agosto.
O incidente ocorreu em frente ao quiosque da Polícia Militar, no retorno da Forquilha. Os policiais assistiram a tudo, sem tomar nenhuma providência para prender o assassino em flagrante, o que poderia ter sido feito, já que o trânsito estava lento e testemunhas dão conta de que a L200 saiu normalmente pela avenida Jerônimo de Albuquerque, após o ocorrido. Os policiais socorreram Flávio, levando-o ao Socorrão II, mas nada fizeram para tentar, de alguma forma, interceptar o carro e prender o atirador em flagrante.
Diante da violência que originou esta tragédia, nós, professores do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais e do Departamento de Sociologia e Antropologia, professores do UNICEUMA e demais signatários desta, vimos de público denunciar mais este ato de violência. Exigimos providências das autoridades responsáveis pela segurança pública deste Estado no sentido de investigar o caso, identificar o motorista da L 200, para que ele possa responder pelo crime praticado, evitando dessa forma mais um ato de impunidade que vem estimulando práticas violentas como essas.
Denunciamos a omissão da Polícia Militar que poderia ter sido mais competente, não apenas socorrendo a vítima, como também procedendo a diligências para capturar o motorista foragido. Omissões desse gênero só incentivam aqueles que se sentem com licença para matar. Qualquer um de nós poderia ser a vítima desse caso e é inadmissível que as autoridades fechem os olhos e banalizem atos como esses que a cada dia interrompem vidas inocentes.
São Luís, 12 de agosto de 2007
Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais da UFMA
Flávio Pereira da Silva, 37 anos, antropólogo, era professor de Sociologia do UNICEUMA. No início da graduação do Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Maranhão trabalhou como operário da Alumar. Depois, dedicou-se apenas aos estudos, sendo bolsista de Iniciação Científica e envolvendo-se, precocemente, com as atividades de pesquisa. Já formado, foi professor substituto na UFMA mais de uma vez. Foi aluno do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais e participou de pesquisas e de trabalhos aplicados junto aos remanescentes de quilombos e às quebradeiras de coco babaçu do Maranhão.
Era um profissional íntegro e sério, colocando seu conhecimento a serviço das instituições que atuam no combate à violência e em prol dos direitos humanos. Mas lamentavelmente no dia 31 de julho teve sua trajetória interrompida e tornou-se mais uma vítima da violência no país.
Naquele dia, Flávio saiu de sua casa rumo à UFMA, aproximadamente às 8 horas da manhã. Parou em um semáforo, nas proximidades do Retorno da Forquilha. O motorista de uma L200 azul metálico buzinou forte, reclamando passagem, ainda que o sinal estivesse vermelho e obrigasse Flávio e parar o seu celta preto. No semáforo seguinte a cena se repetiu. Desta feita, o motorista da L200 bateu propositalmente na traseira do celta de Flávio, momento em que este saiu do seu carro e ambos discutiram. O motorista da L200, um homem que usava paletó, já de dentro de seu automóvel, sacou de um coldre uma pistola e atingiu Flávio no ombro direito. O projétil perfurou o pulmão e fez uma curva, penetrando na medula. Flávio sofreu no hospital durante sete dias, correu risco de ficar paraplégico, vindo a falecer na madrugada do dia 7 de agosto.
O incidente ocorreu em frente ao quiosque da Polícia Militar, no retorno da Forquilha. Os policiais assistiram a tudo, sem tomar nenhuma providência para prender o assassino em flagrante, o que poderia ter sido feito, já que o trânsito estava lento e testemunhas dão conta de que a L200 saiu normalmente pela avenida Jerônimo de Albuquerque, após o ocorrido. Os policiais socorreram Flávio, levando-o ao Socorrão II, mas nada fizeram para tentar, de alguma forma, interceptar o carro e prender o atirador em flagrante.
Diante da violência que originou esta tragédia, nós, professores do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais e do Departamento de Sociologia e Antropologia, professores do UNICEUMA e demais signatários desta, vimos de público denunciar mais este ato de violência. Exigimos providências das autoridades responsáveis pela segurança pública deste Estado no sentido de investigar o caso, identificar o motorista da L 200, para que ele possa responder pelo crime praticado, evitando dessa forma mais um ato de impunidade que vem estimulando práticas violentas como essas.
Denunciamos a omissão da Polícia Militar que poderia ter sido mais competente, não apenas socorrendo a vítima, como também procedendo a diligências para capturar o motorista foragido. Omissões desse gênero só incentivam aqueles que se sentem com licença para matar. Qualquer um de nós poderia ser a vítima desse caso e é inadmissível que as autoridades fechem os olhos e banalizem atos como esses que a cada dia interrompem vidas inocentes.
São Luís, 12 de agosto de 2007
Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais da UFMA
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