terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Mediocridade, corrupção e funcionários públicos
Reproduzo o texto de Bruno Azevedo,( blog linkado ao lado) que retrata, dentre outras coisas, a mediocridade da bur(r)ocracia acadêmica.
"algo me diz que no começo do ano vai rolar um puta escãndalo.
mais ou menos quando uma sindicância nos correios detectar que os remetentes daquelas inocentes cartinha pro bom velhinho vem mais ou menos do mesmo lugar, mais ou menos das mesmas pessoas e mais ou menos no memo padrão de escrita.
vão fuder com o esquema das cartinhas de papai noel. vão prender todomundo num primeiro momento, soltar num segundo e esquecer no terceiro.
minha suposição vem de um postulado recente: no brasil, o segundo passo para qualquer coisa a ser institucionalizada é a corrupção.
é como praia turística que começa com hippie e mochileiro e acaba com resort de senador, gente faminta e puta de 13 anos.
vai pra jeri agora e pros lençóis em algum tempo.
pois a quadrilha dos fraudadores da boa e velha missiva pro velho e bom papai noel deve estar em atividade agora mesmo, enquanto escrevo esse post. eles contratam crianças pra escrever as cartas, criam dramas padrões nos quais todos caímos e se dão bem pra caralho!
mas, foda-se. eu não escrevo nem respondo cartinha de papai noel. quando vejo as criancinhs no jornal falando das cartinhas eu me divirto, sabe, por admiração.
que é mais ou menos a mesma admiração cínica que tive quinta feira, no prêmio universidade.
eu saí na metade, vá lá, mas vi o que pude.
e vem o lance da instituiçionalização.
o prêmio se propõe a valorizar a música maranhense. beleza. supimpa. batuta!
teoricamente haveria um clima de confraternização, mútuo reconhecimento e disputa. afinal, ali está a bolinha da bic que escreveu o capital.
acontece que essa relevância pra além não existe e o prêmio acaba não cumprinco a função de referendar seus indicados ao mercado e, principalmente, ao público.
e nessa ai eu meto toda a merda oficial em relação à arte. atualmente tão rolando aqui pelo menos dois concursos relacionados a produção artística: um com artigos sobre o montello e outro que vai da poesia à música.
tô participando dos dois.
ainda tem o da fumc, que rola quando em vez e eu também sempre participo. dá uma grana batuta, dei entrada numa casa com o último prêmio, pra vocês verem.
o que esses eventos tem em comum e porque eles viram um poço de merda é bem simples:
01. são funcionários públicos organizando.
02. funcionários públicos não realizam trabalhos, cumprem expedientes.
03. dar prêmio é exercer autoridade, mas essas lições ees não aprenderam.
e quando os prêmios perdem esse poder de legitimação, viram a caixinha de fim de ano.
todo ano eu pego todos os livros do concurso da fumc de graça. levo, desde 98, a mesma cartinha, na qual digo que sou pesquisador e interessado na produção do estado, blábláblá.
a maioria eu jogo fora.
porque geralmente são umas bombas mesmo, já peguei um livro que ganhou o prêmio de "pesquisa e erudição" no qual o fulano passa umas 200 páginas dizendo que o brasil tem uma dívida histórica com os escravos. no fim ele dá o número da conta dele.
o problema aí é que se deram o prêmio pruma merda dessas significa:
01. a comissão num valia um cibazol (ao que sei não se tem especialistas pra julgar. a mesma galera julga romance e pintura, por exemplo, mas n tenho certeza)
02. esse fulano era amigo de alguém lá dentro.
03. nesse ano ninguém fez algo melhor que aquilo (o que duvido muito)
04. os autores não vêem nesses concursos uma forma legítima de escoar seus trabalhos.
os dois mais recentes tiveram as inscrições adiadas por falta de candidatos. o do montello, no último dia, só tinham 3 inscritos. porra, 03 caras!
ai os FPs decidem postergar pra atrair mais público.
no CCH da ufma não tinha um cartaz sobre o concurso.
no site não tava atualizado.
super fodam-se! eu entreguei esta merda na data. se vocês não fazem o trabalho de vocês direito, vão tomar no cu e me passem a minha parte em dinheiro!
não que eu fique feliz que só tenham 3 artigos no concurso do montello, mas eu não engulo ser punido por incompetência e FP nenhum e isso rola direto!
a mesma pro da secma (é assim?). a propaganda na porra da brochura diz que "letra é lei" e tem que fazer a merda do concurso todo ano.
autoritarismo burocrático de merda que trabalha na lógica do cafezinho, do paleativo e do tapinha nas costas.
propagandear um concurso por seu aspecto legal é invalidar qualquer relevãncia prática que ele tenha.
e já vejo 700 cópias de uns tantos livros apodrecendo nos porões da secretaria de cultura. afinal, a lei determina que se faça o concurso, não que se distribua os livros.
além do show de horror de livros mal impressos e que viram fascículos.
espero que possam me contradizer nessa, tõ dando a cara pá tapa, façam o favor.
esse ai adiaram a entrega do material e a premiação, que só deve rolar mesmo no próximo comício.
...
escolher os melhores de qualquer coisa é um exercício de autoridade e um retrato de si mesmo.
no prêmio universidade tem uma categoria que me remete à esquina da rua do egito com a dos afogados: artista da noite.
eu sei que é chover no molhado, mas os caras que levam gente pra noite mesmo aqui são os seresteiros do kabão.
o prêmio esse ano cagou no próprio pau com o tema. algo tipo "a música do nordeste", com um show baseado em luis gonzaga, jackson do pandeiro e outros tantos.
a merda começa quando, convenhamos, a gente NÃO FAZ parte do nordeste referendado por esses caras (inda mais aqui na capital) e que os compositores dessa leva nada mais eram que os cantores do kabão do tempo deles, hoje alçados à MPB.
daí que meu problema com o prêmio não é que o prêmio exista, mas é que o prêmio exista sem nenhuma relevância. não desperta uma apreciação crítica sobre a obra dos caras envolvidos, não descortina mais uma cena ou tendência e fica a cada ano mais mirrado, pouco criativo e com cara de festa de cumade.
além do velho papo de "niguém valoriza o artista da terra" ou o "a gente tem que aprender a ouvir menos música de fora".
o que quero dizer é que a literatura maranhense, por exemplo, é muito mais inteligente que literatura que fumc imprime todo ano e que iso não é culpa dos autores.
assim como a música maranhense pode ser melhro que as premiadas pel universidade todo ano e isso a galera que a faz tem um pouquinho mais de participação.
esses prêmios deviam aprender algo com o marafolia.
eu devia aprender que não se mete o pau em concursos cujos resultados ainda não sairam...
marahão: tempo de novas idéias!
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