Estou abrindo este espaço para o escritor e antropólogo Frederick Brandão que traz um relato vívido do último jogo da bolívia querida diretamente da cidade de Codó. Fred passará à escrever regularmente à este Blog tratando dos mais variados assuntos com uma escrita perspicaz, ágil e muitas vezes ácida do cotidiano que nos cerca. Aproveitem:
Acabei de assistir ao jogo do Sampaio Corrêa na cidade de Codó. E a Bolívia fez a sua melhor partida no ano. Nada daquela sonolência a qual já nos acostumamos desde o ano passado. Todos os jogadores estiveram concentrados, e suas atuações foram excepcionais. Para meu amigo e eu, que viajamos três horas de carro nessas estradas moribundas do Maranhão para seguir o Sampaio, foi recompensador ver tamanha garra, fibra e vontade de vencer. Gabriel foi agudo, Fernandinho foi incisivo, Johíldo e Leandro foram seguros, e Rodrigo Ramos obrou milagres. Ademais dos 2 gols sofridos, posso dizer que o Sampaio nunca perdeu o vislumbre da vitória. E isso é o resultado do trabalho do técnico Edson Porto que começa a aparecer.
De minha parte, nunca me exaltei, comemorei, tanto. Participei de cada lance, apoiando os jogadores, incentivando; e criticando os bandeirinhas. Chegamos a impedir que um torcedor pulasse o alambrado após o gol de Célio Codó (a sensação do momento). Porque todos na cidade queriam ver Célio (codózinho), apenas ele. O único jogador cujo desempenho deixou a desejar foi o estreante Rafael Jacques, que ainda assim cumpriu uma importante função tática, prendendo o avanço da zaga do Rio Branco, puxando a marcação e abrindo espaços para o ponta Gabriel. Mas a pouca mobilidade e a dificuldade patente em dar seqüência às jogadas ocasionaram reclamações constantes por parte do público, que já se encontrava impaciente para ver o ‘menino da terra’. Visivelmente cansado, o atacante novato não conseguiu criar jogadas de perigo.
Mais uma vez a torcida Tubarão deixou a desejar, apesar da vitória, eles titubeavam em vibrar e apoiar a equipe, se restringindo a dirigir críticas ao Técnico Edson Porto e aos jogadores. E não há nada que me envergonhe mais do que essa torcida fogueteira, que só sabe encher balão e fazer fumaça. Por sua vez, o Treinador Edson Porto foi cirúrgico nesta partida, soube motivar os jogadores, ele fez substituições cirúrgicas e pontuais que determinaram o rumo do jogo. Se houve um herói nesta partida foi Edson Porto, pela coragem de escalar os jogadores maranhenses. Johíldo, Gabriel, Cléo e Célio Codó, e todos eles marcaram. Se formos fazer as contas são 07 gols de maranhenses na série C, contra 01 dos ‘estrangeiros’ (sendo esse de pênalti).
Cléo foi o herói da partida, eu mesmo gritava para ele em vários lances: “mete no gol Cléo, essa bola é tua!” e por três vezes ele não me decepcionou, pois fez um gol e deu duas assistências, na cobrança de um escanteio e noutra de falta, provando que o lugar do Jean Carlos é no showball mesmo. Cléo controlou o meio-campo boliviano, distribuindo passes e fazendo lançamentos longos e perigosos. A atuação de Gabriel foi fundamental, colocando pressão nos laterais do Rio Branco. Eles não tiveram sossego. Thiago Miracema entrou contundente, matador (com sangue nos olhos), terminando o trabalho começado por Gabriel. Foi à linha em todos os lances e pôs em desespero a zaga acreana.
Célio Codó foi a cereja da torta, sua atuação foi excepcional, ao contrário do que se via em São Luis, ele jogou com calma, segurança. Não errou passes, e fez um gol que foi uma pintura, recebendo um passe de Gabriel, ele cortou o zagueiro e meteu no ângulo direito do goleiro (de canhota mesmo!). Nessa hora o estádio veio abaixo e pude ver torcedores pulando extasiados, eufóricos, como não vejo há muito tempo em São Luis. E aqui reside uma verdade. Infelizmente, apesar do torcedor codoense nem saber qual time em campo era o Sampaio Corrêa (eu explicava as pessoas que o Sampaio era “o-time-todo-colorido!”), o estádio Renê Bayma têm um gramado maravilhoso, nem sei dizer se existe gramado melhor no Maranhão (dava vontade de comer a grama!). E a torcida era muito tranqüila, só queria saber da festa, aos poucos o estádio foi lotando, e apesar de não suportar 10.000 pessoas, e as medidas do campo serem as mínimas, o Sampaio só foi favorecido com essa ida a Codó. Por escapar da pressão da cansada torcida maranhense, e do clima de morte que ronda o Sepulcro Caiado que o Nhozinho Santos.
Como codoense, senti orgulho pelo gramado do Renê Bayma. E me sinto envergonhado por morar numa cidade que oferece um pasto de gado para os times maranhenses se exibirem. O Sampaio só precisava de um bom gramado, pois tem um time de toque de bola e velocidade. Acredito que essa vitória marcará a classificação do Sampaio para a próxima fase, pela união dos jogadores em Campo, pela garra, pela coragem, e pela inteligência do Treinador. E por Célio Codó, que pode ser por enquanto apenas um jogador para 20 minutos, mas ainda assim, nos tem presenteado com muitos gols nesses 20 minutos apenas.
Frederick Brandão 18/07/09
Um comentário:
E a CBF já confirmou que o jogo com o Paysandu é em Codó.
Segura esse brilho, Joe.
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