domingo, 11 de abril de 2010

Encontro do PT do Maranhão derrota oligarquia Sarney e abre perspectivas de vitória para a esquerda no estado



      Foi uma vitória para lavar a alma da esquerda maranhense. O encontro de definição de tática eleitoral 2010 do PT do Maranhão derrotou o governo ilegitimo de Roseana Sarney (PMDB) e decidiu por coligação pela esquerda com PCdoB e PSB. O encontro teve abertura na sexta feira à noite. Para a abertura do encontro vieram José Eduardo Dutra e Paulo Frateschi, Presidente Nacional e Secretário de Organização Nacional respectivamente. Dutra chegou em São Luís por volta das 15:00 da sexta e foi direto à sede do governo estadual para conversa reservada com Roseana Sarney, a impressão que se teve é que estava trabalhando pela costura das articulações finais que garantiriam a vitória da tese pró-PMDB. Em seguida participou de uma reunião com os delegados da CNB e depois, já pelas 18:00 com os delegados da tese pró-PCdoB.
          Mais cedo em plenária dos delegados da CNB, sem a presença de Eduardo Dutra, houve rebelião de delegados vinculados à FETAEMA (Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Marahão) que afirmaram ser impossível realizar aliança com a oligarquia Sarney. A plenária da CNB deliberou que marcaria uma conversa com Flávio Dino no sábado pela manhã. Essa informação animou muito nossos delegados.
         No local do encontro, militantes da CUT-Ma distribuíam carta aos delegados enfatizando o sentimento do conjunto dos trabalhadores por mudanças na política do estado. O encontro começou com uma mesa formada pelo presidente estadual Raimundo Montero, pelo presidente nacional Eduardo Dutra, pelo secretário Frateschi, pelos Deputados Estaduais Valdinar Barros e Helena Heluy, Whashington Oliveira, Flávio Dino e Manoel da Conceição. O presidente Eduardo Dutra enfatizou em sua fala os méritos da política do governo Lula e a continuidade dessa política com a eleição de Dilma. Helena Heluy contrariando expectativas fez uma fala enfocando a necessidade de mudanças. Isso enquanto seu filho, José Antônio Heluy, Secretário do governo ilegitimo de Roseana, no plenário, era um dos mais entusiasmados com a tese pró-família Sarney.




 A fala mais convincente foi a de Manoel da Conceição que afirmou que depois do confronto armado com pistoleiros e jagunços no interior do Maranhão, confronto esse que resultou na amputação de sua perna (“minha perna é minha classe” famosa frase de Mané), jurou que lutaria até o fim de sua vida pela emancipação do trabalhador rural e contra o latifúndio representado pela família Sarney. Mané arrancou aplausos emocionados e gargalhadas ironizando a defesa de posição táticas absurdas.
        Após o encerramento do primeiro dia de encontro as discussões informais se seguiram pela noite. Discutiu-se as estratégias de plenário que se dariam no dia seguinte, quais pontos emendar no regimento, indicação de nomes para composição da mesa de trabalho e nomes para a mesa de credenciamento. Havia uma desconfiança muito grande quanto a hipótese de voto fechado pois se acreditava que as chances de traição e compra de delegados seriam muito grandes. Firmou-se uma convicção de que o voto aberto seria menos arriscado para nossa estratégia. Sabíamos que haveria traições dos dois lados. Do lado de lá pela posição ideológica de alguns delegados da CNB que não aceitavam coligação com Sarney. Do lado daqui de delegados fragilizados pelas suas condições materiais e facilmente vulneráveis ao abuso do poder econômico. Decidimos que era hora dos delegados se exporem e assumirem as responsabilidades pelo seu voto. Resultado: o voto aberto foi aprovado em plenário. Márcio Jardim foi para a mesa de coordenação dos trabalhos junto com Raimundo Montero e Mundico Teixeira (delegado de caxias defensor da tese pro-sarney). Bembem ficou na coordenação da bancada de delegados no Plenário. Eu fui para o credenciamento junto com Paulo (da Unidade Petista). Jomar, Terezinha, Domingos Dutra, Franklim Douglas e outros companheiros foram escalados para fazer defesa da tese.
         Nossa estratégia se mostrou acertada quando prevíamos que as traições do lado de lá seriam ideológicas. 4 delegados da CNB votaram conosco e 2 da chapa de José Antônio Heluy também. Não houve nenhuma traição nossa para o lado de lá. Houve também uma abstenções e dois delegados que sumiram.
        A votação foi nominal com a entrega de crachás para representantes das duas teses. A nossa entregue à Manoel da Conceição. A pró-Sarney entregue à Evandro Sousa (segundo consta, assessor de Chiquinho Escórcio – espécie de faz tudo do Sarney). Durante a votação delegados da CNB, notadamente Ney Jefferson de Caxias e outros, fizeram um corredor polonês impedindo que os delegados da CNB posicionados à direita no plenário se dirigissem em direção até Manoel da Conceição para entregar-lhe o crachá. Essa manobra foi denunciada por Márcio Jardim na mesa quando se iniciou uma disputa por espaço no plenário para desfazer o corredor polonês. Os ânimos se acalmaram mas voltou à se acirrar quando de forma imbecil tentaram tomar crachás das mãos de Manoel da Conceição. Se acirrou novamente quando um delegado da CNB foi se abster entregando o crachá à Raimundo Montero, no centro da mesa, quando a tropa de choque da CNB tentaram forçar o entendimento que o mesmo havia sido entregue à Evandro. Prevaleceu a vontade do delegado, abstenção de voto. Ao final se confirmou nossa vitória por dois votos de diferença. 87 à 85. Após comemoração emocionada e efusiva do nosso campo. Paulo Frateschi afirmou As regras foram seguidas, tem uma proposta vencedora e é com essa que o partido dos trabalhadores vai trabalhar”.
Ao final do encontro Flávio Dino fez um discurso afirmando dentre outras coisas que aquela era uma vitória que representa a vitória do primeiro turno das eleições estaduais. Dedicou a vitória a Manoel da Conceição que foi aclamado aos gritos de “Mané, Guerreiro, do povo brasileiro!”


       Na segunda-feira seguinte Flávio Dino concedeu entrevista coletiva e convidou a direção estadual do PT. Perguntado sobre como avalia o governo Roseana Sarney, afirmou que se “vê muitas placas (publicitárias) espalhadas pela cidade” . O jus espeniandi começou logo em seguida com informações dando conta da indignação de Sarney e manobras junto à lideranças petistas para alteração do resultado do encontro. Grupamentos mais à direita de Whashington Oliveira na CNB prepararam recurso que será julgado pelas instâncias nacionais do partido. Não há nada do ponto de vista da legalidade petista (estatuto, resolução do 4º Encontro Nacional do PT, regulamento do encontro de tática) que autorize a alteração do resultado do nosso encontro.
        Agora trabalha-se pela construção da unidade interna. Roseana e José Sarney continuarão à pressionar para que o PT maranhense ingresse na administração estadual como forma de vincular sua imagem à da candidata do PT ao Planalto, Dilma Roussef bem como ao prestígio do presidente Lula. Caberá aos defensores derrotados em encontro escolher entre o caminho da construção da tao sonhada unidade partidária com claras perspectivas de vitória eleitoral em outubro próximo, se tornando protagonista do movimento de mudanças políticas em curso no estado ou se escolherão entrar no governo e na campanha de Roseana+Dilma pelas portas dos fundos do Palácio dos Leões e de forma desavergonhada contribuir para a perpetuação de um poder dinástico que aprofundará a miséria e a pobreza do povo maranhense.

Bruno Rogens – campo Unidade Petista do PT do Maranhão

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